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Escambo

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Lá estava eu em uma sala da Fasul (Faculdade Sul), em Toledo, oeste do Paraná, ministrando uma aula sobre Rádio Jornalismo. No início não entendi se um dos alunos me achou muito velho e "tascou" a pergunta: Professor, disse ele, o senhor já ouviu falar de escambo? Sim, disse eu, e prossegui tentando explicar. Era "nos antigamente" quando não havia dinheiro. Mas, confesso, não sabia como era o processo todo e simplifiquei: Funcionava, mais ou menos assim: "Você tinha um produto e em sendo mais ou menos de necessidades a outro e esse outro tinha algo que você necessitava, havia a troca." Uma espécie de "toma lá dá cá!" Nada parecido com o toma lá dá cá, que acontece hoje, politicamente falando.

Mas fiquei pensando por muito tempo e a me indagar, isso não deve ser tão fácil assim? Um assunto que me "intrigava" por algumas horas dos dias seguintes. Tive tanto interesse que busquei encontrar a definição mais clara para o tal escambo. Antes de encontrar a mecânica da troca, pensava: Se eu tenho um martelo e o outro melancias, o trocar seria sem nenhum ponto comum. Mais ainda, o que faria eu com melancias. Trocá-las? Mas e se em minha região todos fosse agricultores e todos plantassem melancias?

Não desisti de pensar. "Ainda descubro o 'X' do problema!" Mas em conversas com colegas professores, com amigos e com familiares, alguns já entendiam a minha ânsia com a preocupação. Foi quando pensei, mas sem convicção, que deveria ter uma seleção de produtos que pudessem ser objeto de troca mais facilitados. Mas óbvio, nunca me passou pela cabeça aprofundar e externar a necessidade de algo como o dinheiro. Mas sem nenhuma pretensão e lendo o livro da "Super Interessante", E se..., da Editora Abril, encontrei rudimentarmente a resposta mais plausível. Para facilitar a todos, vou transcrever o que está no livro, em suas páginas 131/132 :"E se... O Dinheiro deixasse de existir?". Se o mundo decidisse que o dinheiro é a causa de todos os males da humanidade e tentasse acabar com ele, a vida ficaria bem difícil. É que o dinheiro surgiu justamente para facilitar a troca entre as pessoas. O escambo, a forma mais rudimentar de comércio, baseada na troca de mercadorias por mercadorias, é um meio trabalhoso e demorado, já que pressupõe uma dupla coincidência de desejos.

Imagine que você fabrique remédios - e precise comprar arroz. Para que a troca dê certo, será necessário achar um agricultor de arroz doente, precisando da sua mercadoria. Complicado. Foi por isso que, ao longo da história, mercadorias muito usadas, fáceis de transportar e de dividir se tornaram um meio de pagamento comum. Você poderia, por exemplo, trocar os remédios por sal, que funcionava como uma forma primitiva de dinheiro e usá-lo para comprar arroz.

Acabar com a moeda seria voltar no tempo. "Passaríamos mais tempo tentando satisfazer a dupla coincidência de desejos do que produzindo. Dessa forma, o PIB da economia seria drasticamente reduzido", diz o economista Alexandre Schwartsman. Fica claríssimo que em algum livro - como no caso - é possível que se encontre a resposta que tanto nos atormenta.

Ouvi de um mestre, que por ser muito mais velho do que eu já se foi para "outro plano", uma máxima que ele defendia com garras e dentes: "Tudo que há no mundo já está nos livros, ou então não existe!". Mas o interessante é que aquilo que sabemos possa ser transmitido a outros. Ninguém deve reter para si o que de bom sabemos. Obedecendo essa que entendo "máxima", continuo lendo e buscando mais e mais conhecimento. E, se puder, "espalho" com o maior prazer. Um abraço a todos!

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